Mensagem de Bento XVI ao bispo de Rímini na abertura do XXXIII Encontro da Amizade entre os Povos
"Dizer que a natureza do homem é a relação com o infinito é dizer que toda pessoa foi criada para entrar em diálogo com Deus".
Assim começa a mensagem de Bento XVI a dom Francesco Lambiasi, bispo de Rímini, na abertura do XXXIII Encontro da Amizade entre os Povos, conhecido na Itália como “O Meeting de Rímini”.
Partindo do lema do encontro, A natureza do homem é relação com o infinito, o papa destaca que "falar do homem e do seu desejo de infinito significa reconhecer a sua relação constitutiva com o Criador".
Porque "o homem é uma criatura de Deus" e, mesmo se hoje a palavra criatura parece fora de moda, é evidente que "permanece no homem o desejo arrebatador" do diálogo com o Criador.
De acordo com o pontífice, tender ao infinito é uma característica “indelével no coração do homem”, e, mesmo quando ele “rejeita ou nega Deus, não desaparece a sede do infinito que habita o homem”.
O problema é situado naquilo que Bento XVI chama de "busca frenética e estéril de falsos infinitos", ou seja, "nas drogas, na sexualidade vivida de forma desordenada, nas tecnologias totalizantes, no sucesso a qualquer custo e até mesmo em formas enganosas de religiosidade".
O bispo de Roma explica que "mesmo as coisas boas, que Deus criou como estradas que levam a ele, muitas vezes correm o risco de ser absolutizadas e tornar-se ídolos que substituem o Criador".
Para chegar ao verdadeiro infinito, é preciso "percorrer um caminho de purificação, um caminho de conversão do coração e da mente. Temos que erradicar todas as falsas promessas de infinito que seduzem o homem e o tornam escravo".
"Para realmente encontrar a si mesmo e a própria identidade, para viver à altura do próprio ser, o homem tem que voltar a se reconhecer como criatura, dependente de Deus".
Na segunda parte da mensagem, o Santo Padre explica que Deus é tão bom que faz o infinito chegar ao homem através de uma forma finita.
"Com a encarnação, desde o momento em que o Verbo se fez carne, foi eliminada a distância intransponível entre o finito e o infinito: o Deus eterno e infinito deixa o seu céu e entra no tempo, imerso na existência finita humana". A descida de Jesus à Terra indica que "nada é trivial nem insignificante na jornada da vida e do mundo".
“O homem”, escreve o papa, “é feito por um Deus infinito que se fez carne, que assumiu a nossa humanidade para elevá-la às alturas do seu ser divino".
Por isso, ressaltou, "não devemos ter medo do que Deus nos pede através das circunstâncias da vida. (...) Chamando alguns a viver totalmente para Ele, Deus chama todos a reconhecer a essência da própria natureza de seres humanos: feitos para o infinito".
Bento XVI conclui dizendo que "Deus deseja em seu coração a nossa felicidade, a nossa plena realização humana". O papa nos convida a "entrar e permanecer no âmbito do olhar de fé que caracterizou os santos, para descobrirmos as sementes do bem que o Senhor espalha ao longo do caminho da nossa vida e abraçarmos com alegria a nossa própria vocação".
RÍMINI, Itália, terça-feira, 21 de agosto de 2012 (ZENIT.org)