terça-feira, 12 de novembro de 2013

Levantar a cabeça

     O olhar só para a terra, isto é, para o cotidiano, sem o ideal a ser buscado na vida, torna-nos pessoas de pequeno horizonte. Somente o que é passageiro não nos realiza como pessoas humanas. O tempo passa, os problemas nos afogam e não vemos a razão de ser da existência. Ao contrário, quando enfrentamos os desafios para uma convivência fraterna e com ideal de realização do bem ao semelhante, não temos medo de até nos desgastarmos pelo sacrifício de lutarmos por causas elevadas e de valores da dignidade humana. 
     O trabalho e a exercitação na prática do bem fazem-nos ter força suficiente para superarmos os limites pessoais e relacionais. O Apóstolo Paulo incita todos a superarem a preguiça e colocarem a mão na massa para trabalharem e se sustentarem: “Há alguns que vivem à toa, muito ocupados em não fazer nada... trabalhando, comam na tranquilidade o seu próprio pão” (2 Tessalonicenses 3, 11.12).
    O desânimo é tentação para o descompromisso em se realizar um projeto de vida. É superado com o incentivo para a busca de um ideal elevado de vida. Se é verdade que os problemas, as incompreensões, os defeitos, as oposições, as críticas e a falta de colaboração acontecem, o ardor no assumir uma causa elevada faz a pessoa ter força e entusiasmo para um trabalho útil aos outros e a muitas instituições, como obras de assistência e promoção humana. Quanta gente que, depois, de decepções por doença ou morte de entes queridos, se colocam à disposição para o trabalho junto a essas organizações!
    O próprio Jesus fala das calamidades que acontecem na terra e de efeitos nas pessoas e comunidade. Mas ele entusiasma seus discípulos a não perderem o ânimo. Pelo contrário, devem se colocar a caminho do serviço a todos. Mesmo nas perseguições perdem a coragem: ”Sereis presos e perseguidos; sereis entregues às sinagogas e postos na prisão; sereis levados diante de reis e governadores por causa do meu nome. Essa será a ocasião em que testemunhareis a vossa fé” (Lucas 21,12.13).
     A cabeça voltada só para o “chão” do que é efêmero impossibilita a pessoa de enxergar a vida com o que ela tem de mais positivo e realização humana. Ela vale para colocarmos nossos talentos em funcionamento para servirmos à causa da vida e da promoção do bem de todos, a partir dos que nos circundam, da família, dos ambientes e da comunidade. Não adianta só o chão físico do ter bens materiais, intelectuais, espirituais, culturais, de bem estar físico e psicológico, como também de projeção pessoal na sociedade. Se não utilizarmos tudo para ajudar o semelhante a se realizar como pessoa humana, o tempo passa e não construímos nossa casa pessoal de sustentação do ideal do verdadeiro amor.
    O horizonte  da vida para a construção de uma sociedade melhor nos dá força para sermos como um tijolinho na construção da história. Não o fazendo, impedimos outros que se colocariam acima do nosso espaço e não teriam suporte para ajudar a construção. Felizes somos se formos suporte de sustentação para o semelhante! É o darmo-nos por amor, como faz e ensina o próprio Divino Mestre!

                                                              Dom José Alberto Moura
                                            Arcebispo Metropolitano de Montes Claros (MG)
                                                Seg, 11 de Novembro de 2013 10:24  cnbb


 

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