Papa Bento XVI
presidiu, neste domingo, 28 de outubro, na Basílica de São Pedro, a
celebração eucarística de encerramento da 13ª Assembleia Geral
Ordinária do Sínodo dos Bispos. Em sua homilia, o Papa se deteve
sobre a cura do cego Bartimeu que ocupa uma posição significativa
na estrutura do Evangelho de Marcos, itinerário de fé que se
desenvolve gradualmente na escola de Jesus.
A condição de
cegueira tem um significado denso nos Evangelhos. Representa o homem
que tem necessidade da luz de Deus, a luz da fé, para conhecer
verdadeiramente a realidade e caminhar pela estrada da vida.
"Bartimeu não é cego de nascença, mas perdeu a vista: é o
homem que perdeu a luz e está ciente disso, mas não perdeu a
esperança. Num de seus escritos, Santo Agostinho interpreta Bartimeu
como pessoa decaída duma condição de grande prosperidade e nos
convida a refletir sobre o fato de que há riquezas preciosas na
nossa vida que podemos perder e que não são materiais" –
frisou Bento XVI.
"Nesta
perspectiva, Bartimeu poderia representar aqueles que vivem em
regiões de antiga evangelização, onde a luz da fé se debilitou, e
se afastaram de Deus. São pessoas que deste modo perderam uma grande
riqueza, decaíram duma alta dignidade – não econômica ou de
poder terreno, mas a dignidade cristã –, perderam a orientação
segura e firme da vida e tornaram-se, muitas vezes inconscientemente,
mendigos no sentido da existência" - acrescentou o Pontífice.
O Papa destacou que
"são muitas as pessoas que precisam de uma nova evangelização,
ou seja, de um novo encontro com Jesus, o Cristo, o Filho de Deus,
que pode voltar a abrir os seus olhos e ensinar-lhes a estrada. A
nova evangelização diz respeito a toda a vida da Igreja. Refere-se,
em primeiro lugar, à pastoral ordinária que deve ser mais animada
pelo fogo do Espírito a fim de incendiar os corações dos fiéis
que frequentam regularmente a comunidade reunindo-se no dia do Senhor
para se alimentarem de sua Palavra e do Pão de vida eterna."
Bento XVI então
sublinhou três linhas pastorais que emergiram do Sínodo. "A
primeira diz respeito aos Sacramentos da iniciação cristã. Foi
reafirmada a necessidade de acompanhar, com uma catequese adequada, a
preparação para o Batismo, a Confirmação e a Eucaristia; e
reiterou-se também a importância da Penitência, sacramento da
misericórdia de Deus. É através deste itinerário sacramental que
passa o chamado do Senhor à santidade, dirigido a todos os
cristãos."
A segunda é que "a
nova evangelização está essencialmente ligada à missão ad
gentes. A Igreja tem o dever de evangelizar, de anunciar a mensagem
da salvação aos homens que ainda não conhecem Jesus Cristo".
O Papa recordou que durante as reflexões sinodais, foi sublinhado
que existem lugares na África, Ásia e Oceânia, onde os habitantes
esperam com expectativa o primeiro anúncio do Evangelho. "Por
isso, é preciso pedir ao Espírito Santo que suscite na Igreja um
renovado dinamismo missionário, cujos protagonistas sejam, de modo
especial, os agentes pastorais e os fiéis leigos. A globalização
provocou um notável deslocamento de populações, pelo que se impõe
a necessidade do primeiro anúncio também nos países de antiga
evangelização" – frisou o Papa.
O terceiro aspecto diz
respeito às pessoas batizadas que, porém, não vivem as exigências
do Batismo. "Durante os trabalhos sinodais, foi posto em
evidência que estas pessoas se encontram em todos os continentes,
especialmente nos países secularizados. A Igreja dedica-lhes uma
atenção especial, para que encontrem de novo Jesus Cristo,
redescubram a alegria da fé e voltem à prática religiosa na
comunidade dos fiéis. Para além dos métodos tradicionais de
pastoral, sempre válidos, a Igreja procura lançar mão de novos
métodos, valendo-se também de novas linguagens, apropriadas às
diversas culturas do mundo, para implementar um diálogo de simpatia
e amizade que se fundamenta em Deus que é Amor."
Voltando à figura do
cego Bartimeu, curado por Jesus, Bento XVI concluiu a homilia
dizendo: "Assim são os novos evangelizadores: pessoas que
fizeram a experiência de ser curadas por Deus, através de Jesus
Cristo".
Dom, 28 de outubro de
2012 19:49
por: CNBB/RADIO
VATICANO
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