quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O ano litúrgico - festas e espiritualidade ( 1ª parte )

     Por ano litúrgico entendemos a divisão do tempo dentro da Igreja, observando-se as datas festivas conforme o calendário judaico. As grandes festas marcavam a vida daquele povo, sendo todas ligadas às atividades agrícolas ou pastoris, da plantação à colheita, passando pelo cuidado com os rebanhos, principalmente de cordeiros e cabras, os mais comuns devido às dificuldades geográficas da região. Deus se manifesta nesses momentos importantes das comunidades, quando as populações estavam reunidas, para mostrar seu poder, pedir sacrifícios ou enviar seus mensageiros aos homens e mulheres escolhidos. Na Bíblia encontramos muitos exemplos dessa manifestação divina, desde o Gênesis até o Apocalipse. Caim e Abel fazem suas oferendas que são aceitas por Deus, através de produtos da terra, os grandes patriarcas como Abraão, Moisés, Jacó e outros também aproveitam as grandes festas para se aproximarem de Deus. Exemplos claros são a Páscoa, Pentecostes, entre outras.
     A Páscoa, a principal festa cristã, é sinal de passagem, mudança de vida e de conversão, saída do cativeiro para a libertação e para vida nova e acontecia sempre na época da colheita. No Antigo Testamento, (Êxodo 12), Deus manda que se imole um cordeiro para servir de refeição antes da grande viagem que mudaria toda a vida daquele povo escolhido para formar uma nova nação. O sangue do cordeiro aspergido sobre os batentes das portas será o sinal de que ali se reúnem pessoas protegidas por Ele. Esse sangue pode ser entendido como sinal de vida e de segurança da parte de Deus e vai se consolidar no sacrifício do Cordeiro Pascal que morre na cruz para dar vida à humanidade. Páscoa é passagem de Cristo pela região dos mortos para ressurgir vitorioso na ressurreição, certeza da vida eterna e vitória do bem sobre o mal.
     A festa da Páscoa ocorre todo ano no hemisfério Norte sempre no plenilúnio da primavera (primeira lua cheia a primavera). No hemisfério Sul, determina-se a data de acordo com a primeira lua cheia do outono, entre os meses de março e abril. A partir dessa data são marcadas todas as festas religiosas, fixas ou móveis da Igreja. As outras festas como o carnaval apenas acompanham esse calendário, mas não influem na sua marcação.

                                              Diácono João Batista Barbosa Bueno
                             Notário na Câmara Eclesiástica e Chanceler do Bispado de Santos

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