O advento é a preparação para viver, na fé, na esperança e no amor, o mistério da Encarnação de Deus. É como um treino que precede os grandes eventos esportivos. As privações que o espírito penitencial sugere assemelham-se aos sacrifícios aos quais os atletas se submetem para obter resultados vistosos. Mas há uma diferença fundamental: enquanto o êxito esportivo depende do talento e da aplicação dos atletas, o encontro com a carne de Deus reveste o espírito da mais absoluta gratuidade. As melhores respostas só podem expressar-se em louvor e ação de graças. O texto de João é muito explícito: “ E o Verbo se fez carne e habitou entre nós...” (Jo 1, 14). Temos aí um elemento de importância extraordinária porque supera toda discriminação. Mesmo reconhecendo que a carne de Deus vem em forma masculina ( Jesus, afinal, era homem), a mulher aí está presente em sua dignidade fundamental. Ambos, portanto, podem representar a carne de Deus na prática da fé e em suas manifestações litúrgicas. Sem esse reconhecimento, o Mistério do Natal perde consistência porque confirmaria uma trágica deformação: a exclusão da mulher.
Pe. Hermínio E. Pretto, CS
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