quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A boa imagem

     Através de estímulos externos, geralmente intermediados por pai e mãe, a criança vai se constituindo pessoa e, não, organismo meramente animal. Portanto, para tornar-se sujeito, ela necessita da intervenção dos outros e, nesse processo, experimenta as sensações básicas de medo ou de confiança na vida.
     Tudo o que se sente nos primeiros anos de vida é registrado. Essas sensações, transmitidas basicamente pelos pais, criam imagens que se incorporam ao psiquismo de forma permanente. Para que as imagens sejam adequadas, é importante que as primeiras experiências façam as pessoas amar e admirar o pai e a mãe e, ao mesmo tempo sentir-se amada.
     O valor das boas imagens na estruturação da personalidade é melhor percebido pelas ausências delas.(...) “O termo adicto significa alguma coisa não dita, identificando a pessoa que sente falta de uma palavra boa, de uma inscrição psíquica ou de uma bênção que a constituam. Ou seja, dentro dela, falta uma representação positiva de pai ou de mãe, deixando-lhe um vazio de sentido, que acaba sendo preenchido com substitutos perversos: drogas, sexo, dinheiro, poder, status” - observa o psicólogo e terapeuta Ageu Henrique Lisboa.

                                           No amor do Pai

     Para mostrar a importância das imagens paterna e materna, dr. Ageu cita o exemplo de Jesus. “É muito importante realçar a figura humana do homem José e da mulher Maria na constituição psíquica de Jesus. Nem mesmo o filho de Deus pôde prescindir de um pai humano, que o recebeu, aceitou e deu um nome. Ele foi o exemplo de homem trabalhador e digno; e um pai presente e preocupado. Maria também foi modelo de mãe amorosa, presente, solícita e cuidadora. Essas duas imagens bem constituídas possibilitaram que, ao ser batizado por João Batista, Jesus pudesse ouvir a declaração de seu Pai: “ Tu és meu Filho amado; em ti me comprazo” (Lc3, 22). Essa é, para mim, a explicação do vigor interior da personalidade humana de Jesus. Ele se sentia amado pelo Pai, e elaborou isso no amor e nos cuidados que recebeu de José e Maria.”

                                                   Terêzia Dias





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